cavalgue-me
Sou apenas um poeta...
Eu modifico perfumes e delícias em palavras e velas — e planto meu verbo num jardim que fala. Hoje há um canteiro de ternuras e flores no meu corpo coberto de óleo de amêndoas. Transformo em arrepios o que me diz a Natureza, e você nem percebe. Claro que sou só um trem desgovernado em direção ao interior. Um trem zen.
Mas, quando falo da vida, tal como agora falo, levante-se.
Não é preciso que você respeite o que te digo nem que me venere; só não quero falar para caídos. Levante-se, portanto, e me ouça. Com atenção, porque não vou durar para sempre, nem ficar aqui repetindo meus textos e rezas pelo resto da vida. Pense no que estou te dizendo neste momento, neste insistante momento em que o tempo passa e pulsa como um coração desesperado.
Porém não pare aí nem pare aqui: pense bem, pense fundo, pense até o fim! Entre no meu pensamento, mergulhe nele — e me ultrapasse.
Se não, você não vai me entender.
É preciso que você arranque o resto de trilhos que tem essa estrada curva, encha teu peito de aventura e de alegria, suba em mim, trepe no que eu falo, dance em minha língua.
E cavalgue-me, deliciosamente. Porque sou apenas um poeta maluco, bailarino, romântico... e livre.