18.7.08

sou poeta

Sou poeta, sou macio, carinhoso e pequenino.
Sou criança, inocente, tenho a pele delicada,
e sou feito para o beijo e a ternura.
Para o afago e a carícia.
Se me envolvem com verdades e doçura,
com poesia e com romance,
eu me deixo conduzir alegremente.
Dou a minha mão com a mesma gostosura
com que entrego a minha alma.
Dou-me todo, viro um anjo sensual.
Tenho fé nos que me encantam.
Mas, se por acaso me exploram e me enganam;
se me mordem — eu reajo
feito a salamandra de pele áspera:
Viro veneno.
Se me oprimem e me engolem por maldade,
produzo toxina fulminante
no interior de quem me come.
Ainda assim, e porque sou grande por dentro,
eu me salvo de quem me prende,
e saio de novo para a Vida
— louco e livre, como sempre.
E volto a ser macio, inocente, poeta,
doce, carinhoso e pequenino
— e pronto outra vez para o beijo e a lambida,
o afago e a ternura.