19.4.08

Elogios e críticas

Aventura Inesquecível.

Como toda pessoa com posições seriamente democráticas, eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem falsas ou verdadeiras. Com base nessa premissa elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.

Embora certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, livremente. Decididamente.

Porém, se tais críticas tocam meu coração de alguma forma e ficam martelando minha cabeça; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, irmão, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.

O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as paredes que desenho, as fotos que faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo. Claro que vale também para esses orgasmos que vivo compartilhando com meus amores principais.

E essa abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma aventura inesquecível. Extraordinária.