29.1.08

rotinas

Também tenho certas rotinas. Todos os dias, inclusive hoje, acordo naturalmente. Abro a janela da madrugada. Sempre de bom humor. De ótimo humor. Sorrio, gargalho, saúdo-me, estico-me, alongo-me, beijo-me. Amo-me, loucamente. Celebro-me. Dou uma espreguiçada doce, orgástica, demorada, leio alguma coisa leve, como Lorca ou Neruda, excito meus neurônios, faço alguns planos, desfaço muitos outros — e então me levanto, em todos os sentidos. Arrumo minha cama zen. Quinze minutos de pilates, mil e duzentos socos poéticos no ar e me torno Bruce Lee.

Nem me lembro da palavra pressa.

Vejo se sobrou na pia alguma louça ou copo da noite anterior, e lavo-os, delicadamente. Arrumo as flores, rego as plantas, falo sozinho, canto, grito e danço. Viro uma festa. Depois, com ajuda de Beethoven, jogo o lixo, meditando, como fosse um jogo. Faço café com amor e água benta, fervida na chaleira que ganhei de minha mãe. Aprendo uma palavra nova numa língua diferente, e então sento-me aqui para te contar os meus sonhos.

Mais tarde, vou ver o mar azul do Guarujá — e caio no mundo...

É a vida.