"Sonhador é aquele que percebe a aurora antes dos outros". Ainda era madrugada, hoje, e Oscar Wilde já me dizia essas coisas. Se me derem o supérfluo, abro mão do indispensável — ele grita, levantando o copo de vinho e dançando meio bêbado no arco-íris da sala. Dançando e comendo frango assado...
Esse poeta, quando esteve na prisão de Reading, cumprindo pena pelo absurdo "crime" de ter amado um outro ser humano, escreveu o livro "De Profundis". Abro então ao acaso a velha edição inglesa e ele me diz em voz alta:
"A religião castradora não me serve. A fé que vocês têm no que não existe, eu a guardo para aquilo que posso ver e sentir. Os meus Deuses moram em templos construídos pelo homem, e é no campo da experiência real que a minha fé se afunda e se completa. E se completa exagerada, quase sempre!" (*)
Ele foi o Cazuza da Era Vitoriana — multiplicado por mil.
Antes de sair, ainda sussurrou:
Edson, a Inocência é o maior afrodisíaco...
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Leia aqui o que eu penso sobre o Casamento de Jesus.
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(*) Tradução feita por mim - e pelo Baron d'Arignac que tomamos, rouge.