16.11.07

Jamais nos calaremos

Tem dias que eu falo de orgasmo, delírio, tesão e gostosura. Mas tem dias que é preciso falar de Política. Não devemos nos esquecer de que no Brasil, há pouco mais de vinte anos, qualquer general podia prender um poeta, por qualquer razão ou por nenhuma — e mandar matá-lo, se lhe desse na telha. Hoje, felizmente, qualquer poeta pode rir de um general..

A Democracia é a maior conquista da Humanidade.

Recentemente, na Cúpula Ibero Americana, o Rei da Espanha (que apoiou a invasão do Iraque), supondo estar frente a um súdito seu, tentou interromper o Presidente Chávez: "Porqué no te callas?!" Ao que Chávez mais tarde retrucou: "Pode ser rei, mas não me manda calar". Aliás, o monarca mostrou fraqueza. Fosse um rei de verdade teria dito: "Cállate!"

Bom lembrar que já nos calamos durante muito tempo. Vejam o que fizeram com os incas, os maias, os aztecas, os tupis, os guaranis e os tapúias. Faz meio milênio que nos calam. Reis, ditadores, generais — todos eles têm o péssimo hábito de nos mandar calar a boca. E o que é pior: querem obediência.

Os ex-ploradores parecem não gostar de ex-colônias rebeldes. Mas Chávez, quer gostemos dele ou não, foi democraticamente eleito pelo povo. E qual a representatividade que tem esse rei? Nenhuma. Ele nem deveria estar presente na Cúpula. Aliás, esse "rei" foi nomeado por um ditador! O sanguinário Francisco Franco o nomeou como sucessor. Parece piada, mas não é. Além do mais, o rei da Espanha (não este, mas o papai dele) não moveu uma palha sequer para defender García Lorca. E o maior poeta espanhol foi brutalmente assassinado pelos generais de então.

Portanto, senhor Rei, não nos calaremos nunca mais!