Hoje eu vi uma cena impressionante: Joana fazia o café quando sua filha, a Lunna, lhe perguntou:
— Mamãe, quanto tempo demora pra ferver a água?
— Uns dez minutos — ela respondeu, dando o assunto por encerrado.
E a menina ficou ali, sentadinha ao lado da mesa, imersa em dúvidas e olhando para a fumaça que saía pelo bico da chaleira, enquanto a mãe se afastava para abrir a geladeira. Como se pegar um pote de manteiga fosse mais importante do que dar uma aula de lógica à filha... E eu fiquei pensando que deveria existir um "Curso de Mãe". Obrigatório. A nenhuma mulher seria concedido o direito de ter filho se não passasse, com louvor, nos exames desse curso. Enquanto não souber a diferença entre vitaminas hidro e lipossolúveis, por exemplo — não tira o diploma. Enquanto não ler e entender o livro A Nova Criança, não tira o diploma. Enquanto não conhecer um pouco de Freud nem ser capaz de falar em duas ou três línguas com o filho (ou a filha) — não será aprovada. Nesse caso, a possibilidade de ter filhos será zero. Absolutamente zero!
Eu sei que o que proponho é algo ideal. Nem tudo são flores na vida das pessoas. Nem todos têm chance de preparar-se, de refinar-se. O sistema acaba atropelando quase todo mundo. O tempo é escasso. As pressões são infinitas... Eu compreendo. A inteligência emocional é coisa rara. /// Essa história continua. Mas o texto ficou longo demais, e ainda não decidi se vou publicá-lo todo aqui. Eis mais um pedaço:
Entretanto, se passar nas provas, ela, além de boa mãe, ficará inclusive mais esperta para escolher o marido... Mas, voltando à fervura, eu não interferi nessa questão porque não sou o pai da Lunna. Sou apenas o padrinho honorário dela. E eu a chamo de minha irmãzinha...
— Mamãe, quanto tempo demora pra ferver a água?
— Uns dez minutos — ela respondeu, dando o assunto por encerrado.
E a menina ficou ali, sentadinha ao lado da mesa, imersa em dúvidas e olhando para a fumaça que saía pelo bico da chaleira, enquanto a mãe se afastava para abrir a geladeira. Como se pegar um pote de manteiga fosse mais importante do que dar uma aula de lógica à filha... E eu fiquei pensando que deveria existir um "Curso de Mãe". Obrigatório. A nenhuma mulher seria concedido o direito de ter filho se não passasse, com louvor, nos exames desse curso. Enquanto não souber a diferença entre vitaminas hidro e lipossolúveis, por exemplo — não tira o diploma. Enquanto não ler e entender o livro A Nova Criança, não tira o diploma. Enquanto não conhecer um pouco de Freud nem ser capaz de falar em duas ou três línguas com o filho (ou a filha) — não será aprovada. Nesse caso, a possibilidade de ter filhos será zero. Absolutamente zero!
Eu sei que o que proponho é algo ideal. Nem tudo são flores na vida das pessoas. Nem todos têm chance de preparar-se, de refinar-se. O sistema acaba atropelando quase todo mundo. O tempo é escasso. As pressões são infinitas... Eu compreendo. A inteligência emocional é coisa rara. /// Essa história continua. Mas o texto ficou longo demais, e ainda não decidi se vou publicá-lo todo aqui. Eis mais um pedaço:
Entretanto, se passar nas provas, ela, além de boa mãe, ficará inclusive mais esperta para escolher o marido... Mas, voltando à fervura, eu não interferi nessa questão porque não sou o pai da Lunna. Sou apenas o padrinho honorário dela. E eu a chamo de minha irmãzinha...
(...)
Não é o caso da Joana, mas a grande maioria parece que faz filho com uma naturalidade quase escandalosa... Sem projeto algum. Sem responsabilidade alguma. Sem planos para o destino do fruto. Mas essa é outra história. Quero voltar à pergunta da Lunna, e às lições que dela podemos tirar.
Coloquei-me, então, mentalmente, no lugar da atarefada Joana (que, ressalto, é uma mãe amorosíssima). Ao ouvir a pergunta da filha, eu largaria tudo que estivesse fazendo e me sentaria ao lado dela. Desligaria o fogo, pegaria nas mãozinhas da Lunna, olharia bem no fundo dos olhinhos dela, e lhe diria, sorrindo:
— Filha, o tempo de fervura da água é variável. Depende de uma série de fatores... No Guarujá é diferente de Cochabamba...
— Onde fica Cochabamba, mamãe?
(...)
Coloquei-me, então, mentalmente, no lugar da atarefada Joana (que, ressalto, é uma mãe amorosíssima). Ao ouvir a pergunta da filha, eu largaria tudo que estivesse fazendo e me sentaria ao lado dela. Desligaria o fogo, pegaria nas mãozinhas da Lunna, olharia bem no fundo dos olhinhos dela, e lhe diria, sorrindo:
— Filha, o tempo de fervura da água é variável. Depende de uma série de fatores... No Guarujá é diferente de Cochabamba...
— Onde fica Cochabamba, mamãe?
(...)
Lunna com cinco dias de palco.
Esse texto foi originalmente escrito no Guarujá, em junho de 2012, e eu estou atualizando a trama para incluir a Lunna, e trocar a Joana pela Joyce, numa hipotética situação futura. Quero aproveitar o tema. Ainda estou revisando.
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