10.7.23

Quero que você morra



Eu vivo gritando Viva!, mas você parece não me ouvir. Acho que, no fundo, todos temos uma certa tendência neurótica em deixar as coisas como estão. Em salvar as aparências... Em manter as estruturas, mesmo que apodreçam.

Quase todos temos uma enorme preguiça de agitar as circunstâncias. Propendemos a deixar tudo como está, embora vivamos fazendo promessas de mudar o mundo.

Mas você sempre deixa pra depois. Você chuta o agora. Você adia o instante. Você posterga o hoje. Você deixa tudo pra depois.

Até parece que você pensa que vai viver mil anos...

Mas não vai, não.

Portanto, vou agora mudar o meu grito de amor.


Agora eu quero que você morra!

Esse é hoje o meu desejo mais sincero. Eu realmente quero que você morraMas que essa tua morte seja apenas a morte do teu modo errado de viver. Que morra só esse teu lado emocionalmente fraco, tedioso, triste, cambaleante. 

Que você morra exatamente como Jesus morreu:  metaforicamente.


Crucifique teus anseios bobos, desfaça-se do que não presta, desmonte as relações que hoje te oprimem, abandone agora mesmo essa vidinha inexpressiva. Dê um belo salto profundo.


Morra.


Mas morra com um só e claro objetivo: ressuscitar gloriosamente logo em seguida. Nem precisa esperar três ou quatro dias, nem precisa ser parente do José de Arimateia. Nem precisa esperar o retorno da Maria Madalena.


Lembre-se: até Jesus teve que "morrer" um dia para subir aos Céus...


Um vinho laranja hoje no portão da Casa Azul.

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