Pular de um penhasco é mais nobre do que cometer o suicídio cotidiano infernal que vocês chamam de vida. Ouvir um despertador insuportável à cabeceira do túmulo de pano, todas as manhãs; correr em direção ao matadouro número dois, todos os dias; sorrir com falsidade amputada, tornar-se um inseto manco, e ainda beijar a mão do carrasco -- essas coisas eu não faço!
Bater ansiosamente um cartão de ponto, atender com pressa a todos os telefonemas, receber ordens de um chefe metido a besta, apertar parafusos, teclas e botões -- apenas em troca de dinheiro?!
Essas coisas eu não sou capaz de fazer.
Não consigo descer tanto...
Porque ainda tenho orgulho e sensibilidade no meu peito.
Posso até me prostituir algum dia, talvez, quem sabe -- mas por algo mais nobre, mais gostoso, mais interessante!
Só por dinheiro, não!