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27.10.18

Sou Eu o meu Amor

Ontem, no trânsito, dirigindo na avenida da praia, tive um insight: aquele "idiota" que ocupava o meu corpo não era Eu: era um "outro", que ali estava a caminho do trabalho alienado — numa desesperada pausa da própria vida. Estava indo vender o meu tempo para uma pessoa que não tem uma clareza gostosa da vida. Falar de negócios com alguém que nunca deve ter lido um poema de amor é uma penitência. Uma coisa que eu às vezes preciso suportar. Porém, logo mais, à noite, eu voltaria a ser Eu — e viveria como mereço e posso. Encheria uma taça com gelo picado e Absinto, colocaria talvez Jon Bon Jovi a dizer-me It's Just Me, chamaria os meus amores, um por um, e depois entraria delicadamente no Oceano Atlântico. E ficaria olhando a nova lua nova por toda a eternidade...